É provavelmente o restaurante com mais sucesso dos últimos 2 anos nas redes sociais.
No Zomato, tem uma pontuação de 4.8 em 5 e, só nessa aplicação, tem quase 3500 fotografias partilhadas e 3200 reviews (nem vou falar no número de partilhas no Instagram). É sem dúvida o restaurante do momento, e são muito poucas as pessoas que ainda lá não foram.
Oiço falar do Boa-Bao praticamente desde que abriu. Esta coisa de ter um diário digital permite-me estar (quase) sempre em cima do acontecimento, mas sou daquelas pessoas que gosta de contrariar as tendências, ou seja, prefiro sempre esperar que a “febre da novidade” passe, por isso ainda não tinha lá ido, apesar da vontade e curiosidade ser muita, confesso!
Ora bem, esta febre está difícil de passar, pois o Boa-Bao abriu há quase 2 anos e continua na boca do povo português. Foi no início de Dezembro que finalmente o conheci, no jantar de “team building” promovido pela empresa onde trabalho.
Situado no Largo Bordallo Pinheiro, no Chiado, o restaurante passa tão despercebido que eu nunca tinha reparado que fica mesmo ao lado do Royal Café, local onde já fui inúmeras vezes, mas também é importante referir que não sou a pessoa mais atenta à face da terra (quando quero :)).
O que dizem é verdade. À entrada do restaurante e olhando para o nosso lado direito, parece que estamos num restaurante de rua na Ásia. Não que tenha lá estado alguma vez, mas gosto imenso de ver programas de culinária, sendo os do já falecido Anthony Bourdain e do Andrew Zimmern os meus preferidos. O frenesim na cozinha (aberta) com a bancada para quem quer sentir de perto a vibração e cheiros que a cozinha emana, os woks a baterem nas bocas dos fogões, o calor provocado pelas chamas altas e as testas dos chefs a reluzirem por causa daquela luz branca fizeram-me lembrar, sim, os programas culinários que vejo sobre a Ásia.
Passemos à parte “menos bonita” de toda a minha experiência. Éramos um grupo de 9 pessoas em que uma estava atrasada. A rapariga que nos recebeu à entrada, extremamente simpática por sinal, disse-nos que não nos podia sentar porque faltava essa pessoa :/.
Ora bem, eu nem sou pessoa de contestar muito, mas, quando as coisas não me parecem lógicas, não consigo deixar de dar a minha opinião. A verdade é que é extremamente desagradável sermos um grupo de 8 pessoas à espera, à porta de um restaurante, por uma mesa de 8 pessoas que está livre (e esteve o tempo todo livre) e que as regras do estabelecimento não permitam que nos sentemos por haver uma pessoa que ainda não chegou (e que iria sentar-se à cabeceira). É no mínimo ridículo, e fez com que ficasse de pé atrás para próximas visitas. O facto de não aceitarem reservas também é um grande entrave, porque se eu sou pessoa que não gosta de esperar, nem queiram imaginar como é a minha doce cara-metade nestas situações. Pode ser o melhor restaurante do planeta, mas se não aceitarem reservas é meio caminho andado para nós não irmos.
Depois de 40 minutos à espera, lá chegou a nossa colega e conseguimos sentar-nos na mesa que estava livre há pelo menos 40 minutos…
O conceito é giro: quando nos sentamos à mesa, é-nos entregue um passaporte, com o menu, onde nos prometem uma viagem pelos sabores da Ásia. Como éramos um grupo relativamente grande, acabei por conseguir experimentar imensos pratos porque o objectivo principal era partilharmos entre todos. Como entradas, pedimos dois sortidos de dim-sum, sendo um deles o vegetariano (bons, mas nada de extraordinário), os crepes primavera, as chamuças vegetarianas e as vieiras braseadas, que para mim foram o claro vencedor, não fosse eu uma grande amante dos sabores do mar.
Para prato principal, escolhi o caril amarelo da Malásia, com camarão black tiger e coco, e deixem-me que vos diga: foi o melhor caril que comi em toda a minha vida. O caldo denso amarelo vivo do meu prato, os camarões gordos e suculentos e o sabor apurado a caril e a coco acompanhado pelo arroz frito fizeram-me ganhar a noite. Ainda experimentei alguns Gua Bao, o Pad Thai e o wok barriga de porco frita, mas nada, mesmo nada, se compara àquele caril. Lazat!*
Para sobremesas, escolhemos o dumpling com recheio de sésamo preto (primeiro estranha-se, depois entranha-se!), o carpaccio de ananás, a mousse de chocolate com gengibre, o mochi japonês e o crème brûlée de coco (o meu preferido).
O que mais me decepcionou foram as bebidas, os cocktails para ser mais exacta. Não por não serem bons, longe disso, mas porque me senti um pouco “roubada” ao pagar 10 euros por um cocktail em que metade do copo é gelo.
Em conclusão, confesso que tenho mixed feelings sobre o Boa-Bao. É um restaurante giro, o ambiente é descontraído, a música não está muito alta, como gosto, e as mesas mais juntas convidam à partilha, apesar de não ser nada fã de toda esta proximidade, como já vos falei na minha experiência no Fauna &Flora.
O valor da refeição em si não é caro, a qualidade dos produtos é mesmo muito boa e é um preço justo a pagar, tirando o dos cocktails.
Mas depois tem aqueles pequenos entraves: o de não aceitarem reservas, o de não sentarem as pessoas caso não esteja o grupo todo (mesmo que a maior parte já lá esteja)… Além disso, o atendimento pareceu-me por vezes demasiado forçado e a despachar. Fomos numa 5ª feira e às 22 horas ainda estavam pessoas à entrada do restaurante, à espera para entrar. A gestão do espaço pareceu-me demasiado focada em ter mais clientes, e não em dar atenção àqueles que já lá estavam.
Enfim, se é um restaurante ao qual irei regressar? Sim! Tenho de voltar a comer aquele caril, tenho mesmo! Mas vou esperar mais uns tempos. Primeiro, tenho de me esquecer de todas as dificuldades vividas até nos sentarmos à mesa. Além disso, tenho esperança que comecem a aceitar reservas, como aliás já o fazem no restaurante que abriram há pouco tempo no Porto.
Love
C
*Delicioso em malaio.