Fico sempre apreensiva quando recebo um convite para conhecer um restaurante italiano, quer o convite seja pelo blog, quer seja de amigos e\ou colegas de trabalho. Tenho a perfeita noção que posso parecer chata, irritante e inflexível quando o assunto é a gastronomia italiana ou cabo-verdiana, pois são as que melhor conheço.
Antes de aceitar o convite para conhecer a nova ementa do Mano a Mano fui pesquisar. Na verdade, fui ver se tinha carbonara na ementa e confirmar quais eram os ingredientes usados para a fazer. Apesar de, raramente ser a minha escolha, é o prato que me faz ir ou não a um determinado restaurante italiano.
A carbonara do Mano a Mano apresenta-se com 4 ingredientes: pecorino, gema de ovo, guanciale e pimenta, que foi quase como se tivesse escrito na ementa: ANDA CLAUDIA, AQUI É SEGURO!
E não, eu até não tenho problemas em comer massa com natas. Lembro-me de ter comido uma maravilhosa em 2016, num restaurante em frente à praia do Monte Gordo, só não a podemos chamar de carbonara porque…a carbonara não leva natas! Tão simples quanto isso.
São estas pequenas coisas que depois me fazem parecer como alguém chato e intransigente, quando na verdade só não gosto que distorçam/desconstruam receitas com anos de história, pratos com uma identidade, pratos que para mim devem ser como manda a tradição…sim, nesse aspecto sou purista!
No Mano a Mano encontrei este respeito pela tradição, pela história, pelos ingredientes e essencialmente pela cultura.
Pelas mãos do Chef Giovanni Pellegrino, com quem tive a oportunidade de trocar dois dedos de conversa, começámos a nossa degustação com algumas entradas da carta di antipasti, entre elas, o tártaro di manzo, uovo al tartufo e o tagliere di salumi e formaggi acompanhados pela focaccia.
A seguir veio aquele que foi o meu prato favorito de toda a refeição, não fosse eu uma amante de massa, spaghettoni verdi al pistacchio e gorgonzola, estava DIVINAL.
Ainda tive oportunidade de experimentar as pizzas, podem pedir a napolitana, massa mais grossa e fofa
ou a romana, massa mais fina e crocante. Estavam boas mas confesso que não fiquei a maior fã, se regressaria a este restaurante? Sem dúvida, mas não pela pizza.
Logo a seguir experimentei o risotto di gamberi rossi que, apesar de terem colocado marisco e queijo no mesmo prato, o que por si só considero um sacrilégio, devo (desta vez) dar a mão à palmatória porque gostei muito da combinação, foi o meu segundo prato favorito.
Também experimentei a cotoletta palermitana que estava muito bem executada, a carne era tenra e saborosa.
A acompanhar a refeição destaco o Montepulciano d’Abruzzo, um vinho tinto seco bastante conhecido em Itália, notório pelo seu sabor frutado.
Para terminar saboreei um cannolo finto, uma cassata e ainda tive um espacinho para um tiramisú e para um mille foglie de caramelo salgado que estava delicioso.
No italiómetro da Clau, o Mano a Mano está num confortável 8\10.
O Mano a Mano faz parte do grupo SushiCafé e situa-se na Rua do Alecrim, perto do Cais do Sodré. A cereja no topo de bolo é que para além de ser restaurante é também mercearia, pois alguns produtos estão à venda.
Esta review no blog foi escrita com algum atraso, para acompanhar tudo de modo mais célere sigam-me no meu Instagram.
Com amor,
Claudia