“Umas simples batatas podem ser cozinhadas de 100 maneiras diferentes!”
Mal sabia Rosa Stanisic, mãe do Ljubomir Stanisic, que esta afirmação seria o início de tudo!
Estive no Bistro 100 Maneiras e entrou automaticamente no meu top 3 de experiências gastronómicas de 2022…querem saber o porquê? É só continuar a ler 🙂
First things first, é um bistro e não um bistrô. Em servo-croata a palavra bistro quer dizer, limpo e claro
e esta é a pequena palavra que lhe confere a própria identidade. Limpos e claros o espaço, as ideias e a própria comida, e que nada têm a ver com a palavra francesa.
Irmão mais novo do detentor de uma estrela Michelin, o restaurante 100 Maneiras, este bistro com capacidade para cerca de 70 pessoas, foi também distinguido em 2017 nos Restaurant Awards, como o melhor restaurante do mundo pela revista britânica Monocle.
Segundo o site, o nome da marca “pretende provocar, estimular, fazer pensar. Faz referência à ausência
de regras, mas também à infinitude de formas. Porque neste grupo não se querem normas preconcebidas, não se admitem preconceitos. Não há limites para a criatividade. Não se erguem barreiras. Não se limitam as fronteiras. Há tradição e há inovação, conhecimento e imaginação, seriedade e brincadeira. Só não há monotonia.”
Com uma decoração pensada ao pormenor, logo à entrada deparamo-nos com uma enorme escultura em pinho nórdico. A mesma tem uma forma de um coração e está rodeada de facas e cutelos, facas essas que também estão espalhadas pelo tecto.
À frente da escultura temos o bar, onde a carta de 12 cocktails que lá encontram foi pensada e criada pelo barman João Sancheira, vencedor do prémio nacional Bartrender of the Year 2021 World Class Cocktail competiton.
Entrando pela sala de refeições podem ver estantes onde estão referências da vida de Ljubomir, entre elas a guerra, que foi a principal razão que o fez emigrar para Portugal.
No andar de cima encontram a mais recente sala privada do Bistro 100 Maneiras, a sala Hendrick’s.
Esta sala funciona como um microcosmo dentro do universo 100 Maneiras, tem um menu próprio (embora também possam escolher o menu à carta do Bistro) com pratos confeccionados com Hendrick’s e sugestões harmonizadas com cocktails criados à base do mesmo gin.
Para além disso, esta sala, que pode receber até 8 pessoas, permite personalizar o ambiente de acordo com a disposição de quem a ocupa. É possível activar um esquema de leds com 128 programas aleatórios, controlar a intensidade das luzes do tecto e das paredes e até conectar um smartphone para escolher a música ambiente. O sítio perfeito para um jantar íntimo, com amigos ou até mesmo um almoço de trabalho.
No andar de cima foi também onde nos sentámos para iniciarmos a nossa refeição.
O Bistro 100 Maneiras, para além do menu à carta, dispõe também de pratos diários baseados nos ingredientes e produtos frescos que tiverem obtido nesse dia. O menu é sempre a cargo do Chef Manuel Maldonado.
Nos dois menus podem encontrar expressões como: “Hoje anda à roda”, “Só para corajosos”, “A mamma é que sabe” (onde encontram as receitas de Rosa Stanistic, mãe do Ljubomir) e “A lógica da batata” (uma homenagem à expressão dita por Rosa Stanistic que foi também o ponto de partida deste artigo).
Começámos a nossa refeição com uma boa selecção de diferentes tipos de pães, manteiga, azeite e banha de porco. Banha essa que só consegui experimentar um bocadinho, porque o Tiago com os seus 2 aninhos a usurpou de forma veloz e digna de aplausos…quando reparei já ele tinha feito uma razia à tigela!
Para entrada pedi o burek tcharan, um prato tradicional dos Balcãs e da Turquia, na sua versão jugoslava. O tcharan é feito com o tutano.
Também tive oportunidade de experimentar o burek de espinafres e molho de iogurte, mas o tcharan foi sem dúvida alguma o meu preferido.
Para prato principal pedi o Octopuff, polvo picante com mel e puré de batata doce. O contraste do doce com o picante estava incrivelmente bem conseguido, tornando-o num prato delicioso.
Confesso que, como italiana (daquelas chatas) que sou, estava mesmo MUITO céptica quanto ao risotto de açafrão que a minha doce cara metade pediu, mas deixem-me que vos diga: foi um dos melhores que comi em Lisboa e estava ao mesmo nível e até superior, a muitos risottos de açafrão que comi em Milão.
Para terminar, e foi mesmo um “Final Feliz”, comi a melhor sobremesa ever! Espuma de queijo e goiaba.
Não consigo explicar por palavras esta sobremesa divinal, feita com sorvete de goiaba e a espuma de vários tipos de queijos, entre os quais, queijo da Ilha de são Jorge.
A sério, estou com água na boca só de pensar!
Podem fazer as vossas reservas para o Bistro 100 Maneiras através do próprio site ou através do The Fork.
Confiem em mim…façam!
Com amor,
Claudia